sábado, 14 de março de 2009
seco
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice,
que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
E ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
E nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
Seguindo a trilha
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Não Vale A Pena (Maria Rita)
Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar
Que é uma pena
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema
De tão pequeno
Mas vai e vem e envenena
E me condena ao rancor
De repente, cai o nível
E eu me sinto uma imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida
E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer
Que é uma pena
Mas você não vale a pena
(Composição: J. E P. Garfunkel)
terça-feira, 20 de janeiro de 2009
Sorry To Myself (Alanis)
Desculpas a mim mesma
Por escutar minhas dúvidas tão seletivamente
Por continuar minha entorpecência amorosa sem fim
Por ajuda a ti e a mim, mas sem me considerar
Por me espancar e me sobrecarregar de trabalho
Para quem devo meu maior pedido de desculpas?
Ninguém foi mais cruel comigo que eu mesma
Por deixar você decidir se eu era deveras desejável
Pela condição de me amar ser algo tão embarassante
Por me negar para que fôssemos, de algum modo, compatíveis
Por tentar encaixar um retângulo num buraco redondo
Para quem devo meu maior pedido de desculpas?
Ninguém foi mais cruel comigo que eu mesma
Peço desculpas a mimSou a primeira pessoa a quem peço perdão
Peço desculpas a mimPor me tratar pior que eu trataria qualquer outra pessoa
Por me culpar pela sua infelicidade
Pela minha impaciência quando eu estava perfeita onde estava
Por ignorar todos os sinais que me mostravam que eu não estava pronta
Por me obrigar a estar onde você quisesse que eu estivesse
Para quem devo minhas primeiras desculpas?
Ninguém foi mais cruel comigo que eu mesma
Refrão
E agora me pergunto: qual crime é o maior...
Esquecer a ti ou a mim?
Eu prestei atenção à sabedoria ou ao atraso?
Eu teria naturalmente adorado a primeira opção
Por ignorar você: minha consciência
Por sorrir quando meu combate estava tão óbvio
Por ser tão desassociado ao meu corpo
E por não deixar pra lá quando essa seria a melhor opção
Para quem devo meu maior pedido de desculpas?
Ninguém foi mais cruel comigo que eu mesma...
Por escutar minhas dúvidas tão seletivamente
Por continuar minha entorpecência amorosa sem fim
Por ajuda a ti e a mim, mas sem me considerar
Por me espancar e me sobrecarregar de trabalho
Para quem devo meu maior pedido de desculpas?
Ninguém foi mais cruel comigo que eu mesma
Por deixar você decidir se eu era deveras desejável
Pela condição de me amar ser algo tão embarassante
Por me negar para que fôssemos, de algum modo, compatíveis
Por tentar encaixar um retângulo num buraco redondo
Para quem devo meu maior pedido de desculpas?
Ninguém foi mais cruel comigo que eu mesma
Peço desculpas a mimSou a primeira pessoa a quem peço perdão
Peço desculpas a mimPor me tratar pior que eu trataria qualquer outra pessoa
Por me culpar pela sua infelicidade
Pela minha impaciência quando eu estava perfeita onde estava
Por ignorar todos os sinais que me mostravam que eu não estava pronta
Por me obrigar a estar onde você quisesse que eu estivesse
Para quem devo minhas primeiras desculpas?
Ninguém foi mais cruel comigo que eu mesma
Refrão
E agora me pergunto: qual crime é o maior...
Esquecer a ti ou a mim?
Eu prestei atenção à sabedoria ou ao atraso?
Eu teria naturalmente adorado a primeira opção
Por ignorar você: minha consciência
Por sorrir quando meu combate estava tão óbvio
Por ser tão desassociado ao meu corpo
E por não deixar pra lá quando essa seria a melhor opção
Para quem devo meu maior pedido de desculpas?
Ninguém foi mais cruel comigo que eu mesma...
quinta-feira, 8 de janeiro de 2009
Partir, Andar (Os Paralamas Do Sucesso)
Partir, andar, eis que chega
É essa velha hora tão sonhada
Nas noites de velas acesas
No clarear da madrugada
Só uma estrela anunciando o fim
Sobre o mar, sobre a calçada
E nada mais te prende aqui
Dinheiro, grades ou palavras
Partir, andar, eis que chega
Não há como deter a alvorada
Pra dizer, um bilhete sobre a mesa
Pra se mandar, o pé na estrada
Tantas mentiras e no fim
Faltava só uma palavra
Faltava quase sempre um sim
E agora já não falta nada
Eu não quisTe fazer infeliz
Não quis
Por tanto não querer
Talvez fiz
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